Por Lauro de Freitas.
Hoje cancelei a entrega semanal do mercado, com interesse em visitar o armazém do Zé.
Depois de uma eternidade sem uma conversa fiada, pisei o casco fora de casa. Embora o destino não permitisse ao caduco um bocado de paz.
Bastou exceder os passos fora de casa para enviados do além surgirem, em seguida. Achei por bem voltar — a idade já não permite peripécias.
Para não dizer que não ultrapassei a fronteira, dei vinte passos em oposição a porta e declinei a saída.
Já diante do cativeiro, escutei uma moça alardear que era mãe de pet, por isso não via propósito em fábulas alheias.
Pet? O material reciclável, pensei. Também pudera, imagine a responsabilidade em cuidar dos recicláveis!?
Continuei seguro sobre a hipótese, até o momento em que inseri a Iva, a madama sabida, na ideia.
O termo, segundo dissera, ordena os bichos em geral, especialmente os que sonorizam au au. Fiquei confuso.
Bastasse a frustração, agora essa. Mãe de bicho? Como é possível? Será que a sogra da Iva se refere assim a mim? Não duvido.
Sondei a aliada, mais uma vez, ao passo que ela findava a conversa à medida em que arrotava a esparrela humana, palavras dela. Senão fosse para me despachar, até apoiava.
Sem sossego e ainda viçoso de desgosto, recorri a minha última instância: o Arturo, chefe da quadrilha carteada.
Do outro lado da linha… O prosa ria enquanto advertia que mãe é coisa de gente. Depois das gargalhadas, só para tumultuar, pontuei a defesa oposta. Brigamos e batemos o telefone um na cara do outro, como de costume.
Antes o Arturo sugeriu que fizesse a mesma pergunta a genitora que me pariu — para não romper o decoro.
Naquele momento não julguei impertinente a sugestão do confrade, porém, tal conduta merecia atenção.
O problema foi encarar a cisma da Iva, cada vez que ela me via. Então me escondi entre o sofá e a arruda, para tecer o conluio.
***
— Mama Gerusa, a Iva adotou um cão de rua. O nome é Calazar, julguei hostil, mas sabe como é a Iva!
Tentei chispar o bicho até o quintal, embora o travesso não saia da minha cama.
Como o leito é idem da madama não devo exceder os meus domínios… Já pegou amor, mama, sabe como é!?
— Diga logo o que quer, pinima!
— Não fale assim, mama, mas já que prefere antecipar a demanda, gostaria de saber se a dama aceita o Calazar como neto…? Digo isso, pois, sua nora jura que é mãe do Calinho, tem até apelido.
— Não vou te responder NADA, depois ligo para a Ivalter.
Quanto ao senhor, daqui a pouco a sua porta vai retumbar, pois ATENDA! É o calçado destinada a sua cara […].
É melhor eu correr do tamanco da mama e do flagelo da Iva.
Até mais ver…
*Quem é o Lauro?
Uma persona, totalmente avessa, que incorporo às vezes.
Até logo!